“Nasci para estudar, ler e escrever”. Esse é uma das certezas da Professora Soraia Blank, filiada ao SINASEFE – IFTO e mais uma das convidadas a contar um pouco da sua história de vida.

Desde a juventude, Soraia ensina crianças e jovens que não tiveram condições de estudar, não apenas preocupada com o processo de ensino-aprendizagem, mas sobretudo para sua integração, socialização e humanização.

“Durante minha infância eu cresci observando os filhos dos meus vizinhos sem condições de estudar e dificuldade de aprendizado. Deixei de lado meus brinquedos de pelúcia e passei a ensinar o pouco que eu sabia, inclusive para aqueles mais velhos que eu. Aos 16 anos, descobri a paixão da minha vida: comecei com um pequeno projeto de ensinar a língua espanhola na paróquia e logo surgiu o convite para ser catequista. Nasci realmente para ensinar e ajudar ao próximo através do conhecimento e mais, mostrava a eles a importância de lutar por aquilo que lhes era de direito, como educação de qualidade, emprego e moradia digna”, relembra.

Mesmo muito nova na época, ela lembra seu espírito revolucionário, ardente por mudanças sociais que valorizassem o ser humano em sua humanidade. Aos 17 anos, sempre estudando em escolas públicas, tirou a maior média geral, teve destaque e ganhou uma bolsa de estudos para fazer um cursinho preparatório durante o 3º ano.

Prestou vestibular para Letras/Português Espanhol, foi aprovada e a partir de então foram quatro anos de muita luta e batalha para manter os estudos. Quando se formou, vieram outros desafios tanto na vida profissional quanto na vida familiar, tendo vivenciado um relacionamento abusivo: “Ele era alcoólatra, sofri muito e as agressões foram além das psicológicas. Quando decidi me separar, senti muito preconceito por parte da sociedade por ser divorciada e precisei aprender a viver novamente, pois tinha uma filha para criar”, lamenta.

Nada a impediu de prosseguir em suas lutas. Passou em concurso para professora efetiva no IFTO, sindicalizou-se e fez parte da pasta de formação política e sindical: “Contribui muito com os companheiros a se organizarem como classe e a lutar pelos seus direitos. Mesmo fora da direção, jamais deixei de militar ou lutar pela classe docente trabalhadora e sempre busquei deixar em cada aula ministrada, uma reflexão da luta social e importância de lutar por políticas públicas de maior qualidade”, finaliza.

No momento dessa entrevista, Soraia enfrenta uma nova batalha: Seu filho de apenas dois meses encontra-se em tratamento intensivo. Mesmo assim, a autora de quatro livros não recusou o convite, pelo contrário, seu objetivo é servir de inspiração para outras mulheres:

“Mesmo diante das adversidades tenho uma fé incessante. Costumo dizer que o essencial não é apenas o invisível aos olhos, o essencial é lutar todos os dias enquanto mulher, enquanto professora, enquanto formadora de professores, enquanto formadora de alunos, para que a nossa sociedade seja mais justa para nossos filhos. É por eles que eu milito, é para a sociedade onde eles vão morar e viver, é para que eles saibam que eles têm direito e para que saibam lutar por esses direitos. É saber que, enquanto docente, eu tenho a mágica de usar a linguagem para formar mentes e isso não tem preço!”

Assessoria de Comunicação SINASEFE - IFTO
Palmas, 10 de março de 2021